terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Domingo é Sábado

Por que o domingo é também um sábado?

A primeira razão está na Lei que instituiu e, como tal, é, por si só, suficiente: nos 10 mandamentos está escrito: "TRABALHARÁS SEIS DIAS". A Bíblia não especificou que se trabalhasse de domingo a sexta, nem de segunda a sábado e sim SEIS dias.

Portanto, de acordo com a Bíblia, quem trabalha seis dias e descansa um está cumprindo a lei de Deus, no tocante a esta questão. O decálogo não fala em sétimo dia 'da semana', não fala em semana...

A palavra ‘sábado’ significa, biblicamente, ‘cessação do trabalho’ ou, de forma simplificada, ‘descanso’. Quando Deus, na Sua Lei, afirmou “lembra-te do dia de sábado para o santificar”, isso significa ‘lembra-te do dia de descanso, para o santificar. É erro intolerável traduzir isso como ‘lembra-te do sétimo dia da semana’. O decálogo NÃO falou em ‘semana’. Não falou que o trabalho tinha que ser executado do primeiro ao sexto dias da semana e, sim, que tinha que haver descanso após cada seis dias de trabalho.

O descanso sabático começou a ser praticado de forma regular quando Deus distribuiu o maná. Isso está escrito em Êxodo 16:30: ”Assim repousou o povo no sétimo dia” – conclui o narrador bíblico após a lição de Deus sobre o sábado.

Na história do maná, mais uma vez Deus não especificou a semana, não disse que a coleta foi iniciada no primeiro dia de uma semana supostamente existente, para que, passados os dias primeiro ao sexto da semana, o povo interrompesse para descansar. Simplesmente, nessa história, fica evidente que o povo começou a colher e, seis dias depois, parou para descansar.

A hipótese de que o povo já vinha guardando regularmente o sábado é inteiramente afastada por vários motivos bíblicos, tais como esses dois: Deut. 5: 2,3: “O Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto em Horeb. Não com os nossos pais fez o Senhor este concerto, senão conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos”. Malaquias 4: 4 declara: “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horeb, para todo o Israel, e que são os estatutos e juízos.” O Senhor diz, então, onde entregou a Lei ao Seu povo.

Mesmo que tais trechos não existissem na Bíblia, a verdade permanece e pode ser vista no próprio episódio do maná, em Êxodo 16: 4,5: ”Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá, cada dia, a porção para cada dia, para que eu veja se anda em minha lei ou não. E acontecerá, ao sexto dia, que prepararão o que colherem: e será o dobro do que colhem cada dia”. Preste atenção na expressão ’cada dia’: se existisse uma semana em andamento e Deus fizesse questão do sétimo dia desse calandário, o Senhor teria dito: ‘o povo sairá, e colherá, desde o primeiro ao sexto dia da semana...’.

Ora, por que Deus queria testar se o povo obedecia ou não a Sua lei se o sábado já estivesse em pleno decurso? E, ainda, se a semana já existisse, por que Deus nem falou nela? Em lugar disso, falou Deus que o povo sairia e, ao sexto dia da coleta, se prepararia para o dia seguinte! E, mais uma pergunta: por que o versículo 30 declara que só então o povo descansou no sétimo dia?

O Aspecto Biológico do Sábado

Um dos argumentos içados pelos adventistas do sétimo dia para a defesa do caráter salutar do descanso semanal é a conveniência biológica ao organismo humano. Mesmo sem o conhecimento médico especializado, é fácil perceber que isso faz sentido, desde que o descanso – ao longo da vida - ocorra a cada sete dias e não a cada seis dias ou a cada oito dias.

É possível entender que o excesso do ritmo de trabalho ao longo de uma vida inteira causará problemas, como a fadiga precoce. Por outro lado, um intervalo menor causará um preparo físico inferiorizado em relação ao padrão normal, sem contar o prejuízo da produtividade e da produção. Note que descansar semanalmente tornou-se uma prática universal, independentemente do fato de que o indivíduo seja adventista ou não.

Assim são as ordens de Deus: os seus descumprimentos sistemáticos são claramente prejudiciais, ora do ponto de vista moral, ora do ponto de vista biológico, quando não de ambos. Uma análise meticulosa de todos os mandamentos permite essa conclusão, invocando-se apenas raciocínios científicos.

Todavia, como seria possível justificar que um descanso semanal seria prejudicial ao ser humano se praticado regularmente a cada sete dias, mas num outro dia do calendário, como o domingo ou a sexta-feira? JAMAIS será possível tal justificativa... Fica o desafio para os estudiosos interessados.

O Aspecto Memorial

A tentativa de ligar a guarda de um dia semanal fixo a uma questão de memorial (e, ainda assim, perpétuo), em relação ao ato da Criação também pode ser facilmente demolida com o uso da Bíblia.

Em primeiro lugar, podemos ver em Êxodo, capítulo12, que trata da Páscoa. O versículo14: “E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor: nas vossas gerações o celebrareis, por estatuto perpétuo”. O versículo.17: “pelo que, guardareis este dia nas vossas gerações, por estatuto perpétuo”. O versículo 24: “Portanto, guardai isto por estatuto, para vós e para os vossos filhos, para sempre”.

Observe que Deus repetiu enfaticamente a questão do ‘memorial perpétuo’. Pergunto ao leitor: você pode encontrar alguma citação dentro da Bíblia de que o sábado seria memorial da Criação? Absolutamente, NÃO PODE!

Quando o decálogo foi promulgado, Deus justificou que tinha feito tudo em seis dias para transmitir ao homem a idéia de que este não devia passar mais de seis dias trabalhando, como se o homem fosse – embora simbolicamente – superior a Deus.

O leitor poderia, neste ponto, argüir que isso não teria o menor cabimento; afinal, quem poderia ser maior que Deus por fazer durante oito dias tarefas tão irrisórias em relação à Criação de tudo o que existe? Todavia, se fosse válido esse argumento, deveríamos supor que também não teria cabimento Deus proibir imagens, visto que nenhuma imagem será capaz de tanto poder quanto Deus...

Outra questão ilógica que Deus – na Sua infinita sabedoria – evitou introduzir no pretenso aspecto memorial do sábado: o homem não assistiu a nenhum ato de Criação, nem mesmo ao de Eva (pois Adão caiu em ‘pesado sono’). Ora, que sentido faria Deus exigir do homem um memorial de atos dos quais o homem não participou? No caso da Páscoa, o memorial tão enfatizado por Deus faz todo o sentido, pois não só Moisés, mas todo o povo foi diretamente participante e testemunha ocular dos eventos do livramento.

Esse episódio (Páscoa) foi tão importante que, na repetição dos dez mandamentos em Deut. 5:15, Moisés assim se expressa, ao falar do quarto mandamento: “Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali, com mão forte e braço estendido; pelo que, o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado.

Ora, vemos aqui que o aspecto memorial aplicado para a guarda do sábado não é a Criação e sim o livramento do Egito. Em conseqüência disso, não podemos atribuir caráter de memorial da Criação ao sábado correspondente de Êxodo 20. Se isso fosse verdade, Moisés teria insistido na questão da Criação, quando repetiu os mandamentos. Essa repetição de Moisés também mostra que o sábado, como Lei, é posterior ao cativeiro, visto que Moisés o vincula ao livramento do Egito.

O trecho de Êxodo usa o argumento de Deus para conferir importância à observância de um mandamento que corria risco de ser esquecido porque seu cumprimento só deveria se dar apenas a cada sete dias, numa época em que as pessoas tinham que contar os dias, para descansarem e santificarem. Todos os outros mandamentos deveriam ser cumpridos todos os dias e não apenas em um a cada sete – o que levaria a esquecimento ou equívocos quanto à contagem.

Esse tipo de equívoco não é particularidade do sábado (descanso e santificação), em si, e sim unicamente do fato aritmético envolvido na contagem. Isso tanto é verdade que, ainda hoje, mesmo com a enorme quantidade de referências (calendários, relógios, televisão, escolas, rotinas) muitas vezes nos fazemos a pergunta: ‘que dia é hoje?’. Ou, então, nos esquecemos de pagar uma prestação que se vence a cada mês... No entanto, dificilmente nos esquecemos de ir ao trabalho todos os dias... Paralelamente, nunca esquecemos de que matar é pecado, ou que Deus é o Criador, a não ser que descumpramos o primeiro mandamento (o mais importante, porém não sujeito ao ‘lembra-te de Deus’).

Note bem: DEUS NÃO PEDIU QUE LEMBRASSE DO DIA SÉTIMO DA CRIAÇÃO E SIM QUE SE LEMBRASSE DO DIA DE DESCANSO (O sétimo, após cada seis trabalhados). Observe, ainda, que todos esses fundamentos não implicam que o dia de descanso seja o sábado ou o domingo ou a sexta-feira do calendário. Todos os fundamentos permanecem válidos se o descanso ocorre a cada sete dias, independentemente de calendários institucionais.

Deus não só NÃO fez questão de fixar dia semanal calendárico, como também ilustrou isso explicitamente na Sua palavra. Na batalha de Jericó narrada no capítulo 6 do livro de Josué está registrado que o sábado não foi guardado naquela semana. Em Lamentações 2:6 também está registrado que Deus pôs o sábado em esquecimento. Ainda, em Êxodo 12:1 (a Páscoa) se pode ver que o povo, ao sair do cativeiro, estava perdido quando à marcha do tempo: o Senhor Deus teve que convencionar para o povo que mês seria o primeiro do ano, a fim de que o calendário da Páscoa pudesse ser observado com precisão.

A obstinação por um dia semanal calendárico fixo para a santificação, com a conseqüente exclusão dos que usam outro dia fixo do calendário diferente é mais um dos escândalos que a religião supostamente cristã vem oferecendo às outras formas de pensamento: tal desunião só pode ser produto da falta de Cristo e não de sua presença. Não importa que dia seja defendido para exclusão, sábado, domingo ou outro qualquer.

Finalmente, observe que, de acordo com a profecia, Jesus ressuscitaria no terceiro dia (como o descanso do maná seria no ‘sétimo dia’). Ambos os trechos não falam da semana, nem que a regra do maná foi dada no domingo, nem que Jesus morreria no sexto dia. Esses dois episódios bíblicos garantem que a semana calendárica não tem nenhum sentido para Deus. Para não deixar nenhuma dúvida, Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana e não numa terça-feira.

Caro leitor, eu falei alguma inverdade bíblica?

Nenhum comentário: